terça-feira, 30 de junho de 2009


colhe a vela tarde amena,
sedenta de fruta madura...

adormece na luz calada da sombra esguia
enquanto o passo esmorece no calor da viagem.

segunda-feira, 29 de junho de 2009


há uma sombra alada

no além, sempre distante

de onde a lua espreita


nesta terra d'água

amo tudo o que sendo meu

nao me pertence...

sexta-feira, 26 de junho de 2009


guardo as estrelas, confesso...

...guardo-as todas,

bem dobradas no lenço cor de mar

e quando a noite me rouba a janela

eu pego numa,devagar

libertando cada ponta vincada

até ela brilhar....

quinta-feira, 25 de junho de 2009


a pedra talhada adormece
sobre a esfinge
enquanto as memórias profanam as noites desnudas
rarefeitas pela angustia
as horas afundam-se em gestos de pluma
apascentando estrelas entre fotogramas desalinhados


o mar bebe das sombras os corpos que se movem furtivos
sem piedade dobram-se as páginas da tua fuga

quarta-feira, 24 de junho de 2009


apetece-me ouvir o teu búzio,

bebendo no vento o gesto das flores,


sentir a minha mão como um rio abandonado

aflorando no seu gesto peregrino toda a acústica do teu mar

terça-feira, 23 de junho de 2009


e se esta noite a lua se perder
nas flores de lava,
macerando o sono na lingua sedenta
do orvalho matinal.
eu seguro as memórias
no vidro baço de um olhar abandonado
escrevendo raios felinos
no vendaval do teu mar de linho,
e quando acordar...
desaperto os laços do teu corpo feito rio
cingindo no beijo
a neblina que esconde o dia

sexta-feira, 19 de junho de 2009

hoje não te digo nada, abro-te a mão para respirar.
silhetas de azul opaco escrevem rios de cera fundida...

há um gesto perseguido pelo traço inacabado das cores.


não é pecado atirar as ideias ao marulho afiado da falésia,
a eternidade implicita bebe a soma das angustias
e a espuma branca torna-se madrugada.

é do gesto que se procura que o caminho faz a distância,
o enigma só desponta quando o corpo se abandona

quinta-feira, 18 de junho de 2009

fecha-me o instante
das portas ausentes
até que a vertigem se aperte
pelos espaços contíguos
dos meus arcos retorcidos

são as gotas do teu espírito
que se tornam corpo /[]
tu adormeces indiferente
como se os livros fossem personagens esquecidos
no epilogo dos dias

na procura da ultima das luzes
o fogo torna-se ilusão
resta o suspiro
do vento que esculpe nas velas
as variações
das dunas vivas

quarta-feira, 17 de junho de 2009


o soldado...
que perde a trincheira
no sono absurdo da esperança,
adormece a batalha
no mosto sangrento de um rio
......

terça-feira, 16 de junho de 2009


a lua
ganha sempre um pedaço
afundado
[na minha gaveta]
gerando sementes
de asas soltas
num vento que nao sinto

despeço-me de todas
as tardes
com a alegria de quem não sabe ver
as palavras que se tornam cidades

estranho encanto nos caminhos
de final incerto...

segunda-feira, 15 de junho de 2009



são os meu olhos
que fazem romarias
ao cume dos meus sonhos
e
a pedra
por entre o malabarismo
da sua quietude
estende os braços até ao céu
no gesto efémero
que toca os dias,
zarpando dos rios
asas do mar....

sexta-feira, 12 de junho de 2009


A minha janela é a tua blusa ...
/molhada na brisa do teu suspiro

Aprendi contigo a ler o acordar de um novo dia:
- Quando o cume se afunda no branco da neblina, há frio de leste abrindo passagem

Mas ouvi-te pela madrugada bebendo os meus receios.

Tocas-te a minha pele desnuda e adormeci
/no teu braço estendido.

Nunca se agradece o que vem no vento!

terça-feira, 9 de junho de 2009

troquei as gaivotas
pelas tuas lágrimas de chuva..
e com os dedos de esmeralda
atravessados
.............................
fiz-te um rasgo de luz,

dize-me o caminho...
aberto nas palavras caladas
do teu horizonte...
e eu hei-de aparecer no invisivel sussurro
da tua face

alquimia de um prazer fechado
nas meias pretas
da tua solidão

há tanta terra no sereno azul
da minha equação
que o mar escorre
no tremor baço
desta aguarela

impune e indiferente a noite embala
o destino obliquo da tua chuva fria

adormecem os olhos na linha alucinante dos dias


era azul...
azul de céu
pairando sobre o cume
de um roxo ressequido de rosmaninho

segunda-feira, 8 de junho de 2009

as papoilas
desfolham colinas
que de mãos estendidas
carregam o olhar

e as redes de rostos salgados
ja não se fazem ao mar

domingo, 7 de junho de 2009

o onda é incerta
nos braços do vento

e a deriva é quase destino

sábado, 6 de junho de 2009

sexta-feira, 5 de junho de 2009

pela fresta das palavras bebo o rio,

olhando na cláusura das memórias

o aroma das flores descalças

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Virámos os passos para o sol,

até que a terra se afunde.

como arpão em carne macia

quarta-feira, 3 de junho de 2009

terça-feira, 2 de junho de 2009

é incerto o destino desta nudez
cravada nas ancas de uma praia adormecida
despertando lentamente até ser apenas mar..

segunda-feira, 1 de junho de 2009

abraço as pedras,
estiradas pelas fendas,
das paredes nuas
e
atiro-te um gesto
através da luz adormecida
.......................
devolve-me o corpo inacabado
preso nas escamas
das minhas dunas