quarta-feira, 2 de setembro de 2009

vai-se a madrugada
na luz tresmalhada
desta perfeita simetria
enquanto os mastros baloiçam
nas dunas afundadas
de um sorriso apressado

na minha mão estendida
cabém todos os barcos,
escrevendo na maré que foge
as rotas que um dia hei-de desvendar

restam-me as bóias adornadas
flutuando como sombras
nas perguntas que não sei formular..

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

















era sede...
de água e sal
que a tarde bebia
nos braços abertos do horizonte

há-de vir a lua
embalar o meu sono,
mãe de um verão quase colheita,
escondendo a terra
no mar chão desta seara

é vento que me quero

até moldar as ondas
do teu olhar...

terça-feira, 4 de agosto de 2009


luz bebe a fronteira

entre a carne e o sonho,

enquanto os olhos dançam

com o sol poisado na mão


quinta-feira, 23 de julho de 2009


provei a tua uva, pensando que alma era branca
e o verão fugiu-me pela tua ausência mal fechada

hei-de esconder o silêncio da tua ternura
no tétrico biombo de palavras molhadas

e se um dia me encontrar no teu véu cetim
desnudo-te até beber o teu sorriso

sexta-feira, 17 de julho de 2009


singrando no nada

o vulto trémulo da cidade

paíra sobre a baía ancorada,


espero palavras

mugindo a madrugada

pela neblina alongada

das ruas ausentes


só os barcos se fazem horizonte

nos pontos perdidos

de um olhar parado...

segunda-feira, 6 de julho de 2009


a neblina cinge as colinas

vestindo de aguarela o eco retorcido das badaladas.


as ruas escrevem linhas apertadas,

vestidas nos xailes urdidos de xisto e dor

terça-feira, 30 de junho de 2009


colhe a vela tarde amena,
sedenta de fruta madura...

adormece na luz calada da sombra esguia
enquanto o passo esmorece no calor da viagem.